Partir.
Fugir à noite que aprendeu a
arder-me junto aos olhos.
Estou sempre de partida - penso;
em perpétuo abandono
de tudo o que me habita.
Num plano recuado da existência
ergo as mãos mortas de raízes:
nada me pertence,
nada ecoa.
Aprendo as várias sombras
dos meus espaços
sem nunca lhes dar nomes
(as palavras carregam segredos
capazes de escavar abismos).
Partir.
Desprender-me
das cortinas dos teus dedos
e encontrar um lugar mais longe
que esta distância de morte no coração.
Ousar chegar,
e arriscar
o não regresso.
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