A luz rasga a carne
e o desmembramento começa:
primeiro a cabeça que me pende sobre os ombros
assim, a jeito de dança
como quem sabe da leveza sombria
por trás de uns olhos cegos.
Depois a boca,
cheia de dedos ferozes
e fome de rasgar gargantas.
Um tremor.
Os poros das minhas mãos.
Um sussurro abafado
talhando as cicatrizes por dentro das costelas e,
finalmente, o peito
astro terrível de pesadelos inomináveis,
Um abrir de olhos
e todas as costelas cedem.
A tua boca como um lugar luminoso.
Prenúncio:
Com a lentidão das tuas mãos
vem a lucidez do asfalto.
quarta-feira, 14 de setembro de 2016
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
O sangue do poeta
Ser esta mulher ao relento;
esta ruína fértil de labaredas
e árvores em osso a crescerem-me nos olhos.
Dar um passo no mundo
e deitar as veias sobre a cama
como o sangue do poeta:
um remexer de trevas
ver o céu arder
e entregar-te o peito
com quem esventra um animal.
No fim,
o silêncio
balouçado em todos os teus medos
e a lembrança:
de todos os pregos nos meus olhos
a tua boca é aquele que mais me dói.
esta ruína fértil de labaredas
e árvores em osso a crescerem-me nos olhos.
Dar um passo no mundo
e deitar as veias sobre a cama
como o sangue do poeta:
um remexer de trevas
ver o céu arder
e entregar-te o peito
com quem esventra um animal.
No fim,
o silêncio
balouçado em todos os teus medos
e a lembrança:
de todos os pregos nos meus olhos
a tua boca é aquele que mais me dói.
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
estas plantas mortas
Acordo.
As
pernas demasiado reais,
doentes,
como unhas a rasgarem a carne dos lençóis.
Ao
meu redor, as garrafas vazias sangram
corpos
abandonados.
Ouço
a minha respiração.
Ouço.
A
minha respiração.
Tivesse
eu um peito e animais a crescerem-me por dentro
um
tigre,
uma
hiena
uma
águia de bico afiado
para
comer esta alma encolhida,
estas
plantas mortas
e todos os vasos
apagadosFátima Abreu Ferreira, Esposende, Setembro de 2016 |
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