Multiplicar por treze as pedras na garganta;
mordê-las,
à força da febre
com dentes de aço
e cigarros apagados nos pulsos.
Falta-te a língua das dores que dançavam
de pés descalços no escuro das igrejas,
das molduras partidas em rios que separam mundos
e não sabes do risco de andar de olhos abertos à chuva,
da ferrugem que entra órbitas adentro
nem da escuridão capaz de acender certos lugares.
E tudo isto,
esta memória de tudo, sujeita à morte
ao declínio do olhar
acontece no tempo que levas a entrar na porta.
Voz off:
(no silêncio do corredor
alguma distorção mostra
que o filme ainda segue).
Paulo Nozolino - Bone Lonely |