segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Planos interiores (1&2)

#1

Contraído no escuro do quarto
serves a dor ao som de um punho fechado,
nas lâminas de uma língua em delírio.
Perdes-te nas mãos,
na carne revolta que se dobra sobre a espada,
no gemido de algum sonho
bordado a dentes húmidos de incêndio.
Vibram os arcos da respiração
e o peito abre-se ao andamento feroz
da violência que se conta nua
aos corredores subterrâneos dos teus olhos.


 #2
Depois o prenúncio:
o excesso último do grito extasiado,
e a minha boca, alargada a vermelho
para te lamber a loucura e
guardar a morte que te pinga dos dedos.


(algures no céu da minha boca, o meu sorriso dobra, ligeiramente, os joelhos).


Paulo Nozzolino



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