Há uma ideia à minha espera do lado de fora desta janela. É uma ideia simples, a imitar o teu corpo na violência selvagem desse vício de me amares.
Despe-te.
Desfaz-te dos ninhos dos meus sorrisos no teu ombro:
o passado é coisa de se ficar nos pés
e os meus, estão já descalços de ti.
domingo, 31 de maio de 2015
Essa tua doce forma de te abrires em flor
Há o quarto.
O teu quarto.
A tua cama.
A luz que nos dói os corpos exaustos
de sentirem a vida na carne dos outros:
as mãos nuas,
as costas enquanto areia,
e as tuas coxas:
__________ rios violentos
que suplicam pelos meus dentes,
e a eternidade nos teus braços
a pedir forma.
Há o quarto.
O teu quarto.
A tua cama.
Essa tua doce forma
de te abrires em flor
ao desejo da minha boca.
De novo,
a febre:
______ a tua boca de veludo, eternamente aberta
(ao meu nome)
e o amor,
puro como o ar,
como o céu dos teus olhos.
Estás aqui comigo?
- perguntas -
o rio revolto,
o fogo a crescer,
a violência invisível do mundo que começa
quando nos esquecemos de ler nas entrelinhas.
Sim - respondo.
____________________________
e a vida, acontece-me,
longe
das
tuas
coxas,
do azul dos teus olhos.
No quarto
(o teu quarto)
perco a sofreguidão
das tuas águas.
O teu quarto.
A tua cama.
A luz que nos dói os corpos exaustos
de sentirem a vida na carne dos outros:
as mãos nuas,
as costas enquanto areia,
e as tuas coxas:
__________ rios violentos
que suplicam pelos meus dentes,
e a eternidade nos teus braços
a pedir forma.
Há o quarto.
O teu quarto.
A tua cama.
Essa tua doce forma
de te abrires em flor
ao desejo da minha boca.
De novo,
a febre:
______ a tua boca de veludo, eternamente aberta
(ao meu nome)
e o amor,
puro como o ar,
como o céu dos teus olhos.
Estás aqui comigo?
- perguntas -
o rio revolto,
o fogo a crescer,
a violência invisível do mundo que começa
quando nos esquecemos de ler nas entrelinhas.
Sim - respondo.
____________________________
e a vida, acontece-me,
longe
das
tuas
coxas,
do azul dos teus olhos.
No quarto
(o teu quarto)
perco a sofreguidão
das tuas águas.
sábado, 23 de maio de 2015
Pesadelo
A casa a encher o vazio dos ossos,
- o pesadelo:
os pássaros roubaram todo o ar respirável,
estou deitada
a terra molhada sobre o peito,
um vento vertiginoso
que teima em gemer-me nos lábios
como um poema pronto a parir.
Sempre este sangue,
esta carne impura a ganhar raíz
na desordem fluída do desejo:
- a saliva, o sémen, o suor,
a faca a abrir-me do avesso
ao que me estrangula
dos pulmões à língua apagada.
Tudo em mim, agora,
enterrado;
devolvido à terra num espasmo.
E o silêncio.
Os pássaros mudos
a espalharem o caos
e a noção exacta da argila por entre os dentes.
Engulo a ferrugem
e acordo.
É outro dia.
Outra eternidade.
- o pesadelo:
os pássaros roubaram todo o ar respirável,
estou deitada
a terra molhada sobre o peito,
um vento vertiginoso
que teima em gemer-me nos lábios
como um poema pronto a parir.
Sempre este sangue,
esta carne impura a ganhar raíz
na desordem fluída do desejo:
- a saliva, o sémen, o suor,
a faca a abrir-me do avesso
ao que me estrangula
dos pulmões à língua apagada.
Tudo em mim, agora,
enterrado;
devolvido à terra num espasmo.
E o silêncio.
Os pássaros mudos
a espalharem o caos
e a noção exacta da argila por entre os dentes.
Engulo a ferrugem
e acordo.
É outro dia.
Outra eternidade.
quarta-feira, 20 de maio de 2015
Vem, meu amor
Vem, meu amor;
vem colher-me a boca madura
de antigas ausências e devora-me,
devora-me o eco do sol
que aprendeste nascer em mim.
vem colher-me a boca madura
de antigas ausências e devora-me,
devora-me o eco do sol
que aprendeste nascer em mim.
O meu corpo continua.
O meu corpo continua.
Como um sonho.
Um reflexo.
Como se os corpos fossem coisas que vivem dentro das janelas,
à espera da Primavera.
Como um sonho.
Um reflexo.
Como se os corpos fossem coisas que vivem dentro das janelas,
à espera da Primavera.
Episódio Psicótico
Quantos corpos dormem
no prolongamento da tua solidão?
A febre.
A febre.
A febre.
Depois mais nada.
Morre o delírio à boca do teu coração.
no prolongamento da tua solidão?
A febre.
A febre.
A febre.
Depois mais nada.
Morre o delírio à boca do teu coração.
Dos pecados por baixo da pele
Gosto de me sussurrar na tua boca,
devagar,
como um segredo que se guarda por baixo da pele
o tempo suficiente para se tornar pecado.
devagar,
como um segredo que se guarda por baixo da pele
o tempo suficiente para se tornar pecado.
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