A casa a encher o vazio dos ossos,
- o pesadelo:
os pássaros roubaram todo o ar respirável,
estou deitada
a terra molhada sobre o peito,
um vento vertiginoso
que teima em gemer-me nos lábios
como um poema pronto a parir.
Sempre este sangue,
esta carne impura a ganhar raíz
na desordem fluída do desejo:
- a saliva, o sémen, o suor,
a faca a abrir-me do avesso
ao que me estrangula
dos pulmões à língua apagada.
Tudo em mim, agora,
enterrado;
devolvido à terra num espasmo.
E o silêncio.
Os pássaros mudos
a espalharem o caos
e a noção exacta da argila por entre os dentes.
Engulo a ferrugem
e acordo.
É outro dia.
Outra eternidade.
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