Ainda chove nas ruas.
Uma água misteriosa,
um instinto que explica todas as sombras.
É tempo de milagres,
alguém lembra
(longinquamente)
e a água cai-me na boca
num peso lúbrico,
um incêndio azul.
- Acredita - dizes
como quem pede o fogo.
Não há,
em ti,
gestos ou palavras
incapazes de rasgar
a desordem da minha garganta;
e deitas-me,
muda
sobre todos os meus punhais.
Là fora
a lua rebenta
as ruas alagam-se
e o eco das nossas bocas corre
como um rio
até ao fundo dos esgostos.
"Devastemos,
devastemos,
devastemos."
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